Finalmente era quinta-feira! À noite, todos iriam se encontrar após um pequeno hiato e eles jogariam seus jogos de tabuleiro. Já não era sem tempo.
Todas aquelas belas caixas seriam abertas – revelando papelão, pedaços de madeira, papel e plástico -, que seriam estendidos sobre uma mesa onde pessoas ávidas por diversão e competição desfrutariam de um bom tempo de entretenimento.
Wilson se deteve em frente da sua estante de jogos. Eram vários e vários deles, dos mais diversos estilos, temas, conjunto de regras, todos organizados de uma forma fácil de serem encontrados.
Ele sabia muito bem o que queria para jogar com seu grupo nesse dia e praticamente não hesitou muito enquanto olhava cada uma das possibilidades. Estava determinado e foi rápido em sua escolha, não gastou sequer quarenta e cinco minutos.
Pegou três de seus jogos preferidos e os colocou em uma bela sacola plástica acolchoada, que acomodou tudo com perfeição. Eram caixas pesadas, com jogos densos, e que certamente trariam horas de indescritível desafio para todos os participantes.
Tinha certeza que o jogo do meio não teria a menor chance de ser escolhido, pois Otávio não suportava o criador do jogo e faria de tudo para impedir que ele sequer fosse citado. Wilson então tirou o jogo da sacola, trocou por um outro – também pesado e repleto de madeirinhas e marcadores de uma qualidade fenomenal. Sorriu ao imaginar a face de cada um de seus colegas quando visse a seleção maravilhosa que levava.
O sorriso diminuiu um pouco quando lembrou de Sílvia, e sabia que ela não gostaria do jogo que estava mais abaixo. Ela era uma ótima jogadora, mas não gostava de jeito nenhum de jogos com conflitos diretos.
Wilson então tirou o jogo mais abaixo e procurou em sua bela e linda coleção por algo menos direto e mais próximo de máquina de pontos autocontida. Por sorte sabia bem o que levar e não gastou mais de vinte minutos para escolher o novo jogo.
Agora sim, estava tudo certo. Três excelentes jogos que agradariam a gregos e troianos! Mas talvez não fossem tão fáceis de explicar para Cristóvão, que era namorado de Victor e estaria lá pela primeira vez.
Wilson então tirou o jogo mais pesado do conjunto, o primeiro deles. Sorriu de um jeito amarelado pois a caixa encontrava-se tão nova quanto no dia em que ela havia chegado às suas mãos. O jogo estava aberto, conferido e com todas as cartas protegidas. Certamente era o seu preferido! Apesar de jamais ter sido jogado…
Entretanto, ainda estava contente por ter o que jogar. Colocou a caixa de volta à prateleira e então passou mais alguns bons minutos numa escolha que lhe fez perceber que talvez não tivesse tantos jogos assim.
O bom é que pegou um belo, colorido e dinâmico jogo que facilitaria a entrada de Cristóvão no mundo dos pesadões!
Pronto. Não haveria erro! Wilson então pegou a sacola, entrou no carro, sorriu e se dirigiu à luderia onde encontraria com seus amigos. Estacionou, pegou a bela sacola e andou em direção à loja. Abriu a porta com um ar confiante que o lembrou de um filme de faroeste.
Viu seu grupo reunido já à mesa e ao aproximar-se perdeu um pouco a força dos braços e das pernas. O grupo olhou para ele e Marcelo disse:
– Onde você estava? Você se atrasou e já estamos jogando Ticket to Ride.
Wilson se sentou, e à medida que a partida se desenrolava ele via o tempo de explicar seus novos jogos desaparecer. Mais uma vez não seria naquela quinta-feira que jogaria um dos seus jogos preferidos; contudo Ticket to Ride era Ticket to Ride e sempre funcionava.
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